O canadense Richard Pound é um dos mais polêmicos e renomados cartolas do mundo olímpico.
Ex-nadador com participação em Jogos Olímpicos, ele ascendeu nas fileiras da gestão esportiva rapidamente. Formado em direito, chefiou o comitê olímpico de seu país e logo foi catapultado no mais importante órgão do esporte do planeta.
O COI (Comitê Olímpico Internacional).
Na entidade, foi vice-presidente, negociou contratos de tevê, foi braço-direito do todo-poderoso Juan Antonio Samaranch.
Tamanha era sua importância que foi indicado para presidir a Wada (Agência Mundial Antidoping) em 1999, quando da criação do órgão que se propunha a combater a crescente onda de trapaças nos campos, quadras e estádios.
Hoje, com 71 anos, ele saiu do holofote. Não dirige mais a Wada desde 2007, mas ainda é membro do COI. E, diga-se de passagem, é um dos mais influentes.
Nesta entrevista exclusiva, ele fala sobre a desconfiança que ainda paira sobre a Rio-2016. Também afirma que os organizadores da Olimpíada carioca ainda precisam mostrar mais para justificar a escolha como sede, em 2009.
Confira!
Como membro do COI (Comitê Olímpico Internacional) e ex-vice-presidente da entidade, como você avalia a preparação do Rio-2016?
Acho que os problemas e desafios são bem conhecidos por todo mundo. O ônus está com o Rio, no sentido de ter que justificar a confiança que o COI demonstrou ao tê-lo eleito como sede, há mais de quatro anos. Eu não posso dizer o que os outros membros do COI pensam -eu não falo por eles. Mas eu sei, porém, que todos estão preocupados com os progressos da organização.
Há arrependimento na escolha do Rio como sede de 2016?
Eu não acho que arrependimento seja a palavra correta, mas os organizadores precisam assegurar que aos membros do COI que têm as coisas sob controle.
Estamos a menos de 1.000 dias para os Jogos Olímpicos de 2016, e tanto o Rio quanto o Brasil têm encarado muitos problemas relativos ao controle antidoping. O Ladetec, que era o único laboratório brasileiro de nível mundial, perdeu sua certificação em agosto. O quão ruim isso é para a reputação dos Jogos do Rio?
Eu espero que o laboratório seja melhorado a tempo de readquirir sua credencial para os Jogos de 2016. Mas haverá muita pressão, com certeza.
Você já tinha visto uma situação como essa envolvendo uma sede olímpica, sem laboratório antidoping?
Não, nunca tinha visto um caso em que o país-sede tenha seu laboratório revogado dentro do ciclo olímpico.
Quais problemas o Rio pode ter por não possuir um laboratório credenciado pela Agência Mundial Antidoping desde agora?
Para os Jogos, será simplesmente o caso de encontrar outro laboratório credenciado para avaliar as amostras. É ruim, mas não fatal para o evento. Porém, isso é muito embaraçoso para o Rio e para o Brasil.
Tóquio foi eleita a sede dos Jogos de 2020. Foi uma medida que o COI tomou para ter uma garantia maior, em um país mais “experiente”?
Todos os candidatos para 2020 (além de Tóquio, Madri e Istambul também concorreram) tinham sérios problemas em seus projetos. Eu espero que a estrutura japonesa e sua experiência com Jogos Olímpicos tenha sido um fator determinante para a escolha final.