O Brasil não tem um laboratório credenciado pela Wada (Agência Mundial Antidoping) desde agosto passado. O Ladetec, que fica no Rio, perdeu sua certificação por causa de seguidas falhas.
Com a ausência de um instituto local para analisar as amostras de sangue e urina coletadas, as confederações têm sido obrigadas a enviar o material para o exterior.
O mais requisitado é o Instituto Armand-Frappier, em Montréal, no Canadá. A CBJ (Confederação Brasileira de Judô) e a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) são duas das que passaram a usar os serviços do local.
A CBAt pagava R$ 560 pela análise de uma amostra de urina ao Ladetec. Por ter de recorrer ao exterior, há um custo a mais de R$ 125, relativo ao envio.
“Antes, um oficial de controle de dopagem da CBAt podia fazer a coleta a encaminhar diretamente para o Rio. Agora, o material tem que vir para a confederação, e só aí eu encaminhar”, afirma Martinho Nobre dos Santos, superintendente da CBAt.
Como a entidade faz cerca de 700 testes antidoping anualmente, o aumento no custo da operação é significativo. Uma empresa médica foi contratada para fazer o trâmite legal (já que exportar material médico é um processo de enorme burocracia).
“E não posso deixar a amostra estocada por muito tempo, caso contrário ela perece. Tenho que mandar cargas a cada quatro ou cinco dias”, completa o dirigente. “Tudo isso sai do nosso orçamento.”
A CBJ também usa o laboratório de Montréal. E, assim como a CBAt, tem um gasto a mais. “O custo nos onera um pouco, mas não é tão relevante”, comenta o diretor Ney Wilson.
A entidade diz que não vai reduzir o número de exames previstos por causa dos custos (faz cerca de 60 por ano).
A CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo) segue a mesma toada. Manda suas análises para Montréal, mas o consultor Eduardo de Rose afirma que isso já ocorria antes mesmo do fechamento do Ladetec. Motivo: o valor das análises no Canadá era menor do que o cobrado pelo laboratório do Rio.
Outros laboratórios usados por entidades brasileiras são os de Los Angeles e Salt Lake City, nos EUA, o de Bogotá, na Colômbia, e o de Madri, na Espanha.
O Ladetec corre contra o tempo para reaver sua credencial. É certo que ele não será utilizado na Copa do Mundo da Fifa (os testes do Mundial ficarão a cargo de um laboratório de Lausanne, na Suíça).
A previsão é de que a Wada só lhe garanta o certificado novamente no segundo semestre de 2015.