Antes de Maurren, atletas já pediam dinheiro em vaquinhas na web

Por Marcel Merguizo

Maurren Maggi pediu e já arrecadou mais de R$ 23 mil em uma semana de vaquinha na web.

A campeã olímpica do salto em distância em 2008, aos 37 anos, disse que precisava de R$ 100 mil para treinar nos próximos 100 dias e entrou em um financiamento coletivo promovido pelo site Kichante. Ela só vai receber o dinheiro no fim da campanha, que ainda durará 37 dias. A empresa que organiza a vaquinha fica com 12% do valor.

Maurren disse que não quer virar uma “dondoca” e também não iria continuar pagando para competir, gastando suas reservas financeiras acumuladas em anos de sucesso no atletismo. Ela não quer aposentar. As metas são o tetracampeonato dos Jogos Pan-Americanos, em Toronto-2015, e o encerramento da carreira em alto nível nos Jogos Olímpicos, na Rio-2016.

A saltadora também disse que espera inspirar outros atletas que não conseguem patrocínio, como ela. Maurren afirma que “muitos atletas de alto rendimento não tem voz para reclamar” publicamente como ela. Está certa. No entanto, muitos destes atletas, inclusive de seleção brasileira, já pediam dinheiro em vaquinhas na internet há algum tempo. Abaixo, alguns exemplo:

Atletas de taekwondo de São Caetano do Sul fizeram rifa e vaquinha para ter as passagens e assim participarem da seletiva nacional em fevereiro.

Pais de ginastas das categorias de base da seleção brasileira fizeram vaquinha para os filhos viajarem.

Atleta olímpica da esgrima também já precisou da ajuda de uma vaquinha para treinar no exterior.

Um matemático criou o site Pódio Brasil, especializado em vaquinhas para ajudar esportistas, pelo qual atletas de vôlei de praia e taekwondo conseguiram verbas para bancar treinos e idas a campeonatos.

Recentemente, foi lançado outro projeto para ajudar atletas por meio de financiemanto coletivo, o Apoie um Atleta, que hoje está com campanhas para apoiar uma revelação do salto em distância e um atleta da seleção brasileira de tênis de mesa.

No exterior, a equipe de bobsled da Jamaica fez vaquinha para conseguir ir aos Jogos de Inverno de Sochi, no início deste ano.

Exceto pelo jamaicanos do bobsled, os valores dos projetos acima eram bem mais baratos que o de Maurren. E, mesmo sem bons resultados na pista desde 2012, a campeã olímpica já arrecadou mais do que qualquer atleta brasileiro em suas campanhas de “crowdfunding” (nome em inglês para este financiamento coletivo).

No Brasil, Maurren sabe que não é coitadinha. O esporte brasileiro também não é. Hoje há mais dinheiro do que nunca, dizem dirigentes, técnicos e atletas. Os patrocínios vêm dos governos federal, estaduais e municipais, via leis de incentivo, de empresas públicas e privadas, diretamente para atletas, confederações ou comitês.

Contudo, é o suficiente para quem deseja ser uma potências olímpica? Como disse Maurren, é “melhor pedir dinheiro para o povo do que ouvir promessas de empresários”?

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