“Um por todos, todos por um.”
O lema é de “Os Três Mosqueteiros”, mas pode ser de Paraisópolis em breve. E o “um”, no caso, é o esporte. Mais especificamente a esgrima, aquela dos mosqueteiros.
A ideia é de alguns dos principais atletas brasileiros da modalidade: levar o tradicionalíssimo esporte olímpico para a maior favela da capital paulista.
Desde ontem, crianças da comunidade que reúne mais de 40 mil habitantes tem a oportunidade de conhecer por meio de aulas a esgrima.
Segundo a ABE (Associação Brasileira de Esgrimistas), que idealizou o projeto, na primeira aula apareceram 32 crianças para as 20 vagas disponíveis. Já há lista de espera.
E aí começam a aparecer as dificuldades já enfrentadas pelo projeto chamado de Mosqueteiros de Paraisópolis.
A ABE é a responsável, em parceria com a União dos Moradores de Paraisópolis, mas, por enquanto, não tem nem patrocinador nem apoio de qualquer lei de incentivo pra prosseguir com a ideia que acaba de sair do papel.
Hoje, com pouco menos de R$ 8.500 vindos em doações, o projeto tem condições de durar apenas três meses. Este período, esperam, além de apresentar o projeto à comunidade, servirá para a captação de recursos.
A partir daí, o objetivo é trabalhar com 80 crianças e formar um monitor de Paraisópolis.
O principal esgrimista do Brasil, Renzo Agresta, esteve na apresentação do projeto, segunda-feira, ao lado de outros atletas da seleção como Henrique Rochel e Bernardo Schuwchow no bairro da zona sul paulistana.
O dinheiro disponível já foi usado para a compra de material educativo, de plástico, importado da Itália pois não existe no Brasil, além de camisetas e lanches para os alunos e o pagamento da ajuda de custo dos monitores.
Os monitores são esgrimistas (Bernardo Schuwchow e Marcos Ruzzi) e estudantes de educação física, supervisionados pela professora e atleta Carla Evangelisti.
Passado estes primeiros três meses, a ABE calcula que precisará de muito mais recursos para a segunda parte do projeto, com 80 crianças da comunidade, durante um ano, com três aulas por semana.
O valor necessário passa para R$ 100 mil.
As negociações com patrocinadores e as doações podem ser feitas por meio do site da ABE.
Até o momento, a ajuda veio de familiares, amigos, atletas ou empresas ligadas à esgrima.
Mas quem ajuda a esgrima do país? Ou quem a esgrima do país ajuda?
Os patrocínios estatais e privados nunca foram tão altos no esporte nacional, inclusive na esgrima. Mas são para o alto-rendimento. No topo, onde nem todos conseguem chegar.
O esporte, no entanto, precisa de base e esta é formada lá embaixo, onde qualquer um pode ter acesso. E só assim o lema dos mosqueteiros fará sentido para uma criança ou um atleta olímpico, em Paraisópolis ou em todo o Brasil.