Um dos 33 membros honorários do Comitê Olímpico Internacional (COI), o português Fernando Lima Bello, 82, disse nesta sexta que concorda com a intervenção da entidade na organização da Olimpíada do Rio.
“Se se fala em problemas é porque os há”, afirmou Lima Bello por e-mail à Folha.
“E cito aqueles que me percebo mais: o atraso nas construções, greves dos operários, as muitas mudanças de responsáveis pela organização –se uma pessoa sai, deve ficar bem claro as razões–, os protestos”, lista o português.
Na quinta-feira, o COI anunciou um plano de ação de “apoio” à organização dos Jogos de 2016. Entre as medidas, o fortalecimento da presença da entidade no Brasil, com a contratação de um gerente local para acompanhamento das obras e aumento da frequência de visitas do diretor-executivo da entidade, o suíço Gilbert Felli.
“Com os seus conhecimentos sobre esporte e a sua experiência a acompanhar a preparação de Jogos Olímpicos, todos com maiores ou menores problemas, [Gilbert Felli] parece-me a pessoa indicada”, disse o dirigente português.
Perguntado se intervenção era a maneira correta de se referir à ação anunciada pelo presidente do COI, o alemão Thomas Bach, o português respondeu: “É mesmo a palavra certa”.
“Se as decisões não forem tomadas com brevidade, aconselhavam a ter alguém com capacidade e disponibilidade para aconselhar e transmitir ao COI o que impediria [a Olimpíada] de avançar”, explica Lima Bello.
Atualmente são 105 membros ativos do comitê, posição ocupada por Lima Bello de 1989 a 2010, quando completou 80 anos e tornou-se honorário. Ele também foi campeão mundial na vela (classe snipe) em 1953.
Como um dos mais experientes do COI, o único português entre os membro da entidade afirma que “no momento” não vê possibilidade de os Jogos Olímpicos de 2016 não serem no Rio. Cidade, aliás, onde seu filho Nuno de Mello Bello é cônsul-geral. Ele inclusive se define como alguém que “pôs muito empenho na atribuição dos Jogos ao Rio”.
Por esse motivo, acredita que as reclamações e a sugestão de um Plabo B citado por alguns dirigentes de Federações Internacionais em reunião nesta semana na Turquia eram válidos mas específicos para cada esporte.
“Os responsáveis pelas Federações Internacionais sabem melhor do que ninguém dos problemas de cada esporte. Se estão preocupados e não tem poder sobre a organização uma “ameaça” é natural. O tal Plano B não passa disso, pois não têm uma visão de conjunto”, explica.
O INTERVENTOR
O suíço Gilbert Felli, 66, é diretor executivo do COI para os Jogos Olímpicos e vai agora antecipar em alguns meses sua vinda ao Rio. Estará na cidade nas próximas semanas para supervisionar as obras, com autoridades brasileiras, e irá cobrar providências.
Outra das missões de Felli é tentar reduzir a “paralisia política”, expressão de Thomas Bach, presidente do COI.
Ex-esquiador profissional e ex-jogador de hóquei no gelo e esqui, ele é dirigente desde os 41 anos, atuando principalmente em competições de esportes de inverno.
No Comitê Olímpico Internacional, Felli foi de 1990 a 2003 diretor de esportes, coordenando o relacionamento com as Federações Internacionais. De 1992 a 2000, foi membro da Comissão de Coordenação do COI; desde 2002 acumula funções de diretor executivo da comissão de coordenação, membro da comissão de avaliação e do grupo de trabalho de aceitação de candidatura do COI.
Ou seja, o suíço trabalha diretamente na realização dos Jogos Olímpicos junto às sedes.