CBAt prioriza revezamentos olímpicos em Mundial, e atletas protestam

Por Paulo Roberto Conde

Por critério técnico e financeiro, a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) enviou apenas as equipes 4 x 100 m e 4 x 400 m masculina e feminina ao Mundial de Revezamentos, que ocorre neste sábado (24) e neste domingo (25) nas Bahamas.

A competição será disputada pela primeira vez e é organizada pela federação internacional de atletismo (IAAF, na sigla em inglês).

As duas formações são olímpicas e têm prioridade. Mas integrantes de outros revezamentos que também fazem parte do Mundial, como o 4 x 200 m, 4 x 800 m e 4 x 1.500 m, criticaram a decisão. (As explicações da presidência da CBAt estão um pouco abaixo.)

Um dos atletas ouvidos pelo blog, que pediu anonimato por temor de represália, explicou o motivo de sua insatisfação.

“No início do ano, os atletas estabelecem metas para a temporada. A CBAt falou do Mundial de Revezamentos e até publicou ofício com critérios de convocação e índices. No meu caso, vários obtiveram índices e mesmo assim não iremos para o campeonato”, descreveu.

“Não teve nota oficial nem nada para dizer que não levariam os outros revezamentos além do 4 x 100 m e 4 x 400 m. Não deram nem uma justificativa” complementou.

O blog constatou que a CBAt lançou ofício estabelecendo índices (o link está aqui: http://www.cbat.org.br/selecoes/criterios.asp).

No informe, a entidade disse que os revezamentos serão convocados para as Bahamas desde que tenham um mínimo de quatro atletas com índice (o dos 1.500 m, por exemplo, era 3min45s).

De acordo com o ranking brasileiro de 2014, sete atletas têm marcas abaixo de 3min45s (Thiago do Rosário, Carlos dos Santos, Leandro Prates, Jean Machado, Joilson Silva, Lutimar Paes e André Santana).

No 4 x 200 m masculino, que também não deve ser representado, sete atletas estão abaixo do índice de 21s. O 4 x 1.500 m feminino também teria atletas abaixo da marca limite.

“Até entendemos que em um ciclo olímpico no Brasil a atenção vai para as provas olímpicas. Mas, se havia falta de verba, por que não foi avisado com antecedência?”, indagou o atleta.

A EXPLICAÇÃO DA CBAt

Procurado pelo blog, o presidente da confederação, Toninho Fernandes, deu sua versão para levar apenas os revezamentos 4 x 100 m e 4 x 400 m às Bahamas.

“Nosso foco é no resultado olímpico. Foi uma decisão técnica a financeira. Como as passagens estão muito caras nesse período de Copa, acabaríamos por ter um gasto muito alto”, disse.

Toninho afirmou que os atletas das distâncias de 1.500 m e 800 m serão contemplados de outras formas.

“Prefiro levá-los para o exterior, fazer campings. Acredito que essa é uma maneira mais eficaz de prepará-los.”

O dirigente, que dirige a CBAt desde 2013, também ressaltou que conversou com técnicos dos atletas para explicar a situação.

“O atleta tem que entender que não é possível participar de tudo, é preciso fazer escolhas e selecionar”, finalizou.