Bronzeado como técnico e prateado como jogador, Dunga passa chance de ouro para Gallo

Por Marcel Merguizo

(atualizado após o anúncio de Dunga, às 11h)

Prata em Los Angeles-1984, bronze em Pequim-2008, Dunga dispensou a chance de conquistar o ouro olímpico –inédito para o Brasil– no Rio de Janeiro, em 2016.

Se mantivesse a lógica (não manteve) de sua passagem anterior pela seleção (2006-2010), o capitão do tetra seria o técnico da equipe olímpica em 2016.

No entanto, na apresentação oficial da CBF, nesta terça-feira, o técnico Gallo foi anunciado como o treinador da seleção olímpica para a Rio-2016.

Nos Jogos chineses, em 2008, Dunga chegou pressionado pela campanha ruim do Brasil nas Eliminatórias para a Copa. Mas tudo ia bem até a semifinal contra os argentinos.

Então, aconteceu a versão olímpica dos 7 a 1 aplicados pelos alemães na última Copa. Não no placar, mas no baile.

Messi comandou a equipe que seria campeã olímpica. Com dois gols de Agüero e um de Riquelme, de pênalti, a Argentina venceu e o Brasil foi disputar a medalha de bronze (venceu a Bélgica por 3 a 0).

Curioso é que aquela argentina medalhista de ouro em Pequim foi a base para a seleção que acabou vice-campeã do mundo no Brasil, há uma semana.

Além de Messi, estavam no time Di María, Garay, Agüero, Gago, Romero, Mascherano, Zabaleta e Lavezzi.

Já aquele Brasil de Dunga tinha Marcelo, Hernanes, Jô, Ramires e Thiago Silva que disputaram a última Copa.

Outra curiosidade é a forma como Dunga se posicionou sobre os Jogos Olímpicos antes, durante e depois da disputa em Pequim.

No início de 2008, Dunga disse:

“A Olimpíada é uma competição a mais. O Brasil conquistou cinco vezes a Copa do Mundo. Em cada torneio que entramos, precisamos vencer”.

Às vésperas da disputa na China, Dunga afirmou:

“Na bola não tem isso [de prata ou bronze]. Só o ouro interessa. O futebol é diferente para o Brasil. E o fato de ainda não termos essa medalha aumenta ainda mais a pressão. Mas isso é algo que o jogador da seleção está acostumado. Se ganhar, vem a glória. Se perder, a pressão será grande”.

Depois, com o bronze pendurado no peito dos atletas, na chegada ao Brasil, Dunga resolveu responder às críticas feitas por outro técnico, na época, especulava-se, um que poderia voltar à seleção:

“O Vanderlei [Luxemburgo] já esteve na seleção, teve um ano para preparar a seleção olímpica e não trouxe uma medalha. De nenhuma forma [estou preocupado]. Fizemos [em Pequim] o trabalho que tínhamos que fazer. Quem não trouxe uma medalha está mais chateado do que nós. Tivemos 15 dias [de preparação] e trabalhamos da melhor maneira possível. Muitos trabalham quatro ou cinco anos e não ficam entre os finalistas.

Dunga teria dois anos para trabalhar. Passou a bola para Gallo, que terá uma Olimpíada em casa. Não vai precisar nem mesmo por um pré-olímpico. É a chance de ouro. Agora para Gallo.

 

Dunga observa treino da seleção brasileira em  Shenyang, na China, em 2008 (Alvin Chan/Reuters)
Dunga observa treino da seleção brasileira em Shenyang, na China, em 2008 (Alvin Chan/Reuters)