‘Escocês quando perde, britânico quando ganha’

Por Marcel Merguizo

A tradicional expressão título deste post –muitas vezes aplicada ao tenista Andy Murray– pode perder o sentido na Olimpíada do Rio.

Em dez dias, um referendo vai definir se a Escócia permanece ou deixa se der parte do Reino Unido. Assim, em 2016, os escoceses, independentes, poderiam formar a própria equipe. Ou não!

A explicação é do escocês Craig Reedie, vice-presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional). Ele mesmo alertou nos últimos dias para o risco de a Escócia ficar fora da Rio-2016.

Isso porque, com a vitória do “sim”, a separação terá efeito oficial exatamente em 2016, quando um novo parlamento será eleito na Escócia. Desta forma, segundo Reedie, não haveria tempo hábil para o país estabelecer um comitê olímpico reconhecido e selecionar/classificar atletas para os Jogos.

Uma solução seria permitir que eles competissem pela Grã-Bretanha, ao menos no Rio. Outra seria os atletas escoceses competirem sob a bandeira branca com os anéis olímpicos, representando o COI.

Atualmente, a Escócia disputa os Jogos Olímpicos ao lado de Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte, seus parceiros de Reino Unido (embora o nome adotado na Olimpíada seja Grã-Bretanha).

Mas o que os escoceses representam para o esporte britânico?

Na última Olimpíada, em casa, foram 55 escoceses entre os 542 atletas do “Team GB”.

Entre eles, estava lá Andy Murray. Britânico, claro! Pois conquistou a medalha de ouro em simples e a prata nas duplas mistas.

No final, a Grã-Bretanha terminou Londres-2012 em 3° lugar, com 65 medalhas no total, sendo 29 de ouro.

A Escócia, se independente, teria ganho 12 medalhas, das quais sete de ouro. Além de duas atletas que estavam na equipe medalha de bronze do hóquei sobre grama.

Além de cerca de 20% das medalhas, a Escócia também tiraria um astro da equipe britânica: o ciclista Chris Hoy, ganhador de dois ouros em Londres-2012 mas que já acumula seis medalhas douradas em olimpíadas, além de uma prata.

O fator casa pesou a favor dos britânicos, evidentemente. O que fez com que o “Team GB” ficasse à frente da Rússia no quadro de medalhas (por qualidade delas). Porém, sem os escoceses (7 ouros, 4 pratas e 1 bronze) no time, os russos retomariam seu lugar (atrás de EUA e China).

A Escócia, então, ficaria em 12º, atrás do Japão e à frente do Casaquistão. O Brasil ficou em 22º (3 ouros, 5 pratas e 9 bronzes).

A meta do Brasil é ficar entre 10 primeiros na Rio-2016. Talvez tenha mais um país para ultrapassar nessa corrida olímpica.

Andy Murray sobe no pódio de Londres-2012 com um ouro e uma prata no peito
Andy Murray sobe no pódio de Londres-2012 com um ouro e uma prata no peito