Brasileira diz ‘não’ a emprego na sede do COI para disputar 3ª Olimpíada

Por Marcel Merguizo
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A “inexplicável sensação de ser um atleta olímpico” voltou a pulsar no coração de Lara Teixeira em agosto. Então, ela decidiu estender o sonho até 2016.

Aos 26 anos, com duas Olimpíadas no currículo, a garota de Campos dos Goytacazes era uma das embaixadoras dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Naquim, quando, ainda na China, recebeu o convite do Comitê Olímpico Internacional (COI) para trabalhar na sede da entidade máxima do esporte em Lausanne, na Suíça.

“Irado, né?”, exclama a atleta do nado sincronizado.

A resposta para o COI? “Não”.

“Foi duro recusar, viu”, reflete.

Lara iria trabalhar no departamento de esportes do COI, na interface entre a entidade e atletas olímpicos do mundo inteiro.

“Por enquanto quero realizar meu último sonho como atleta e, depois, com certeza, retomarei o contato com o eles. Se puder conciliar algum trabalho com eles será excelente, mas a prioridade é a seleção”, explica.

Como dueto, ao lado de Nayara Figueira, ela foi duas vezes 13ª colocada nos Jogos Olímpicos, em Pequim-2008 e Londres-2012. Deixou a seleção após a Olimpíada londrina. Continuou competindo apenas por seu clube, o Paineras do Morumbi, em São Paulo.

A partir da segunda-feira (3), Lara retorna à equipe nacional. Ela e Sabrine Lowy, de 17 anos, foram as duas escolhidas em seletiva realizada nesta semana, no Rio, na qual definiram-se as 14 brasileiras que vão integrar a equipe que visa os Jogos do Rio, em 2016. Apenas nove chegarão à Olimpíada, na qual oito são titulares.

“Decidi voltar porque ainda sentia o meu coração vibrando quando pensava em Olimpíada. Pensar em 2016, então… É algo que me deixa com o brilho nos olhos”, lembra. A decisão final ela tomou em Naquim, onde sentiu “novamente o espírito olímpico, a grandiosidade do evento”.

Em novembro ela volta a morar no Rio. Precisou deixar o emprego na Octagon Brasil, empresa de consultoria estratégica na área de marketing esportivo. Em quase dois anos de empresa, ela trabalhou em eventos como Copa do Mundo, Copa das Confederações, Aberto de Miami e Aberto do Rio, estes dois últimos de tênis.

Por um lado, a volta à rotina de seis dias por semana treinando com a seleção no Rio vai tirar o prazer de viajar aos fins de semana e curtir os feriados. “Vou sentir falta dessa liberdade”, afirma. Por outro, ela diz que tem como recompensa a volta da “adrenalina da competição e o corpo de atleta”.

De qualquer forma, na piscina ou no escritório, ela já decidiu continuar com o espírito olímpico.