A delegação brasileira deixou o Mundial em piscina curta (25 m) de Doha, no Qatar, com uma glória inédita.
Pela primeira vez em torneios deste nível, liderou o quadro de medalhas (teve 7 ouros, 1 prata e 2 bronzes).
O resultado é excelente, mas o que ele de fato representa? Ainda mais se considerarmos que o grande objetivo são os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, que serão realizados em piscina longa (50 m)?
Repetir as façanhas será um grande desafio.
Após um rápido levantamento, é possível constatar que os nadadores brasileiros ainda dedicam muito treino e suor a provas não olímpicas (que não constam do calendário dos Jogos).
(À exceção do estilo livre, todas as provas de 50 m em outros estilo [borboleta, costas e peito] não estão na Olimpíada).
Exemplo: nos últimos três Mundiais em piscina curta realizados (Dubai-2010, Istambul-2012 e Doha-2014), o país obteve 20 medalhas.
Deste universo de pódios, foram 12 em distâncias olímpicas e 8 em provas não olímpicas.
Agora em Doha-2014, foram mais conquistas em eventos que não pertencem à agenda olímpica do que os que estarão na Rio-2016 (a saber: o ouro de Felipe França nos 50 m peito, a vitória de Etiene Medeiros nos 50 m costas, a prata de Nicholas Santos nos 50 m borboleta e dois ouros e um bronze em revezamentos).
Outro exemplo: nos três mais recentes Mundiais em piscina longa (Roma-2009, Xangai-2011 e Barcelona-2013), os nadadores do país somaram 11 medalhas, das quais sete “olímpicas”.
Até mesmo Cesar Cielo, grande nome desta geração, “empatou” nesse quesito: ganhou dois ouros nos 50 m borboleta e outros dois nos 50 m livre (em Xangai-2011 e em Barcelona-2013).
A questão é saber se todos estes resultados obtidos em Mundiais conseguirão ser transferidos para a Rio-2016.
Se nos seis últimos Mundiais em piscinas curta e longa foram 31 medalhas conquistadas pela nação, nas últimas duas edições dos Jogos Olímpicos, em Pequim-2008 e Londres-2012, foram somente quatro.