Passei um dia todo, ou muitas horas de um dia inteiro, com o espanhol Jesús Morlán, 48, na semana passada, em Lagoa Santa (MG), para escrever um perfil deste treinador, eleito o melhor do país em modalidade individual, segundo o Comitê Olímpico do Brasil (COB), em 2014 .
Engraçado, rígido, sorridente, sério, atencioso, focado, seriam alguns dos adjetivos que daria ao técnico que coleciona cinco medalhas olímpicas na carreira e aceitou o desafio de levar um brasileiro da canoagem velocidade pela primeira vez ao pódio já na Rio-2016.
Mas o que melhor define o jeito de trabalhar –e trabalhar, trabalhar e trabalhar– do técnico são suas frases sobre treinamento. Abaixo, uma seleção das melhores.
“Há mais dias que linguiças”
citando um ditado espanhol, em português, para filosofar sobre a importância do treinamento
“Ficar por fazer é deixar o pior acontecer (…) Por quê, não? Você pode, sim”
citando “É Vida que Segue”, de Zeca Pagodinho, também para falar sobre a importância do treino rumo à Rio-2016
“Não dá para trabalhar e ter família”
sobre morar no Brasil enquanto a mulher e a filha de 3 anos vivem na Colômbia
“Não tem fórmula secreta para medalha. Ganha o melhor, quem trabalha mais, o resto é história da Disney”
frase autoexplicativa
“Há esportes em que a casualidade influencia; na canoagem, não. Nosso esporte é complexo, mas simples”
adivinhe, sobre a importância de treinar mais e mais
“Se você faz sete [repetições], alguém está fazendo oito”
sobre como pressionar os atletas no treino
“Você tem que saber o porquê das coisas. Sempre se ganha ou perde por algo”
refletindo sobre o porquê os atletas precisam treinar sempre mais
“Poupança, constância e trabalho”
a santíssima trindade de Jesús Morlán
“Não há treino sem dor”
precisa explicar?
“É poupança, precisa ser formiguinha; não é canoagem, é a vida”
dando lição às cigarras
“Não prometo medalhas porque não as tenho”
ensinamento de quem tem um ouro e quatro pratas olímpicas e quer mais em 2016
“Sou quase um psicopata, meu nível de exigência é altíssimo, é difícil trabalhar comigo, sou chato pra caramba”
Jesús Morlán por Jesús Morlán
“É muita informação, eu sei, a cabeça deles estoura, mas faz parte do processo”
em momento compreensivo com os atletas
“Eles não eram formigas, ficavam tocando violão…”
divagando sobre o início do treinamento com os brasileiros
“Nunca vi chorar tanto”
mais direto sobre o início do treinamento com os brasileiros
“Disciplina é somar pequenos detalhes”
sobre o dia a dia do atleta e também dos técnicos
“Sei onde está meu time”
sobre o domínio do controle remoto que abre o portão da casa dos atletas ficar com ele
“Não aguenta a pressão, não encara o touro”
lembrando as origens espanholas para falar dos brasileiros nos Jogos do Rio