O Qatar construiu três arenas novas, modernas e luxuosas, montou um time repleto de estrangeiros naturalizados e contratou até uma torcida espanhola para vibrar pela seleção da casa no Mundial masculino de handebol.
Mas quem está no Brasil, vendo as partidas da seleção pela TV, pode imaginar que os ginásios estão sempre vazios. Na verdade, exceto pela estreia brasileira contra o Qatar, as arquibancadas nunca estiveram lotadas mesmo.
No entanto, em algumas boas partidas do Mundial o clima é de festa, provocação entre rivais, muito barulho e paixão pelo handebol.
Jogos como Croácia e Macedônia, Egito e França, Argentina e Alemanha, Rússia e Dinamarca, para citar alguns, estiveram com boa parte das confortáveis cadeiras das arenas bem ocupadas.
E apesar de não vender bebida alcoólica no ginásio (na verdade, só se encontra em hotéis de redes internacionais e por preços que chegam a R$ 40 a cerveja), alemães celebraram muito nesta quinta-feira, por exemplo, na Arena Lusail, que comporta 15 mil pessoas.
Os dinamarqueses também vibraram bastante com sua seleção. E não eram apenas os cerca de 20 torcedores de cada país que a organização do Mundial convidou, pagando todas as despesas da viagem. Eram centenas deles, afinal, além de apaixonados por handebol em boa parte da Europa, estes países são favoritos ao título.
Para entreter os torcedores no suntuoso ginásio no meio do deserto, a organização promove algumas brincadeiras com a torcida no intervalo. Algo que acontece em todo grande evento esportivo, claro, mas em um país islâmico, há algumas peculiaridades, como não haver animadoras de torcida (as famosas “cheerleaders”).
Assim, nos intervalos há apresentação de acrobatas e ginastas. Ou capoeiristas brasileiros. Sim, há capoeira no intervalo de alguns jogos.
Quando um técnico pede tempo, no lugar da “Câmera do Beijo”, tradicional em ginásios dos EUA, há a “Câmera do Frango” (os árabes comem muito frango, muito mesmo). E durante a “Chicken Cam”, um animador de torcida pede para um grupo de torcedores dançar ao som de “Baile dos Passarinhos”. Lembra? Aquela música infantil que Gugu Liberato cantava (e dançava) em seu programa de TV.
Pra quem não curte muito o “Passarinho quer dançar / O rabicho balançar / Porque acaba de nascer / Tchu tchu tchu”, outro pássaro é atração no ginásio. Nos corredores da Lusail Arena, uma tenda foi montada para exibição de falcoaria. Isso mesmo, um especialista leva um falcão e o coloca no braço das pessoas, que tiram suas fotos e devolvem o bicho ao dono. A falcoaria é, digamos, um dos esportes preferidos dos qataris.
Até nos canais de esporte na TV árabe há exibição de corridas e caça com os falcões. No mercado de rua de Doha, os pássaros também são uma grande atração.
E para fechar a noite no Qatar em grande estilo, a organização levou o astro Pharrell Williams para cantar durante 50 minutos para o público que acompanhou a rodada dupla desta quinta-feira, em Lusail (cidade planejada e ainda em construção que vai receber a cerimônia de abertura e encerramento da Copa-2022).
Com o mega-ultra-hit “Happy”, o cantor, produtor e jurado do “The Voice” americano deixou todos mais felizes antes da meia-noite no “mundo árabe”.
O repórter MARCEL MERGUIZO viaja ao Qatar a convite da organização do Mundial de handebol