Duda, Ana, Kahena e Martine. Ah, tem o Alan também. Estes são os cinco brasileiros (quatro mulheres!) eleitos os melhores do mundo em 2014 em suas respectivas modalidades olímpicas.
Nesta quarta-feita foi a vez de Duda Amorim, 28, ganhar o prêmio de melhor atleta do planeta no handebol. No fim do ano, Kahena Kunze e Martine Grael já tinham sido escolhidas as melhores velejadoras de 2104. Além da dupla, das águas também vieram os títulos de Ana Marcela Cunha e Alan do Carmo, premiados pelo desempenho na maratona aquática (ou águas abertas).
O Brasil ainda teve atletas de destaque que conquistaram títulos mundiais ou terminaram o ano na primeira colocação do ranking mundial. Mas não foram eleitos pelas federações internacionais os melhores de seus esportes (algumas entidades sequer fazem esta eleição). Independentemente de troféus ou votos, os destaques também foram femininos: Fabiana Murer (salto com vara), Mayra Aguiar (judô), Maria Elisa e Juliana (vôlei de praia). Sim, também teve Robson Conceição, no boxe.
Mas hoje é dia de Duda falar e de falar de Duda. Festa a catarinense disse que deve fazer primeiramente em uma churrascada em São Paulo, com os amigos, depois em Blumenau, com mais amigos e a família. Até um novo desfile em carro dos Bombeiros pode entrar na programação, como ocorreu após o título mundial em 2013.
Só não vai haver, ao menos por enquanto, comemoração organizada pelos principais patrocinadores do handebol. Em contato com o blog Olímpicos, Correios e Banco do Brasil disseram que ainda não tem uma ação de marketing planejada para celebrar a vitória da brasileira.
Enfim, nem mesmo Duda quer se tornar “o” nome da seleção que vai defender o título mundial na Dinamarca, em dezembro.
“Não gosto desse título, de ser símbolo. Temos uma equipe muito entrosada. Nós somos os símbolos. Não tem o ego de querer aparecer mais que a outra”, afirmou Duda, nesta quarta, em São Caetano do Sul, onde se recupera de uma cirurgia no joelho.
A volta às quadras da armadora esquerda da seleção está prevista para julho, mês dos Jogos Pan-Americanos. Mas ela ainda não quer garantir nem descartar a participação em Toronto, no Canadá, onde a seleção buscará o tri.
“A recuperação está indo bem. Com três meses [agora em março] posso voltar a correr. Depois são dois ou três meses no clube [na Hungria] me recuperando. Quero estar jogando bem em julho, se é pra correr risco em Toronto, não quero ir. Não pode ter pressa nesse momento. Objetivo principal é o Mundial”, explicou.
Além da busca do bi em dezembro, em agosto de 2016 está a meta final da seleção. “Na Olimpíada do Rio o objetivo é a medalha. Tem que entrar para ganhar, tua alma tem que acreditar, o fundo do seu coração tem que acreditar. Se entrar para participar só vai participar mesmo”, afirmou.
Título Mundial, melhor do mundo, chance clara de medalha na Rio-2016. Para Duda, tudo isso não significa que o handebol nacional está melhor, mas que a seleção está se desenvolvendo.
“É passo pequeno [ser eleita a melhor do mundo]. Handebol vai em passos pequenos. Alê foi a primeira eleita melhor do mundo, em 2012. Agora é comigo. Isso faz as meninas terem exemplos de que no handebol também podem dar certo”, disse.
“Mas na Liga Nacional não temos estrutura, falta muito apoio ainda, equipes penam para conseguir patrocinadores. Muitas pessoas lutam há muito tempo, e elas se cansam…. Pessoas novas podem dar uma animada. Já a seleção está em um patamar cada vez melhor. Consegue se reunir. Tem patrocinadores. Nossa seleção não tem o que reclamar, está evoluindo”, completou. “O handebol brasileiro está se fortificando lá fora, ganhando prestígio, respeito. Há dez ou oito anos tinha equipe que subestimava a gente, agora não. Agora eles sabem que a gente sabe jogar handebol”.
RAIO X
DUDA AMORIM
NOME
Eduarda Idalina Amorim
NASCIMENTO
23.set.1986 (28 anos), em Blumenal (SC)
ALTURA E PESO
1,86 m e 82 kg
POSIÇÃO
Armadora esquerda
PRINCIPAIS TÍTULOS
Campeã mundial (2013), bicampeã dos Jogos Pan-Americanos (2007 e 2011), 6º lugar nos Jogos Olímpicos de Londres (2012) e 9º em Pequim (2008), todos pela seleção, e bicampeã da Liga dos Campeões da Europa, pelo clube húngaro Gyori (2013 e 2014)
PRÊMIOS INDIVIDUAIS
Melhor do mundo (2014) e jogadora mais valiosa do Mundial (2013)