A nadadora Jessica Bruin Cavalheiro, 23, é uma das boas promessas da nova geração brasileira.
Ao menos no gene, ela tem marca de campeã. Jessica é parente da velocista holandesa Inge de Bruijn, que conquistou oito medalhas olímpicas nos Jogos de Sydney-2000 e Atenas-2004.
Inge foi um dos grandes ícones da natação mundial na primeira década deste século: além quatro ouros, duas pratas e dois bronzes olímpicos, também foi cinco vezes ao pódio em Mundiais e deteve recordes mundiais nos 50 m e 100 m livre e nos 100 m borboleta.
Para Jessica, a descoberta do parentesco com Inge veio quase por acaso. “Não sabia que era parente dela, até um primo do meu pai ter buscado na Holanda nossa ‘árvore genealógica’, e nessa busca ele descobriu’, afirmou Jessica, que defende o Sesi.
Quando soube da proximidade com o ícone, a brasileira até foi pedir uma força. “Nessa época eu já nadava e eles [familiares] entraram em contato para que ela desse uma força. Falei com a Inge uma vez quando era pequena, mas a rotina do atleta é bem puxada e ficou difícil manter contato”, disse.
Jessica ficou um tempo sem falar com Inge, até que há pouco tempo Femke Heemskerk, outra nadadora holandesa, veio ao Brasil para disputar uma competição pelo Minas Tênis Clube. Jessica contou-lhe do parentesco e a europeia se dispôs a ajudá-la a retomar o contato.
“Eu pedi a ela para me ajudar a recuperar o contato, e trocamos [ela e Inge] alguns e-mails depois.”
Até uma ida para a Holanda para conhecer o restante da família agora está nos planos. “Quando eu soube que ela era minha prima, para mim ela virou um ídolo. Infelizmente, não nadamos as mesmas provas, mas busquei tirar dela todas as informações, parte técnica, física, foi muito importante para mim!”, contou Jessica, nadadora mais focada em provas de meio-fundo, como 200 m e 400 m livre.
Nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em 2011, Jessica foi prata com o revezamento 4 x 200 m livre. Este ano, ela quer voltar a disputar o Pan, que será realizado em Toronto, no Canadá, em julho. Também pretende obter vaga para o Mundial em piscina longa (50 m) em Kazan, na Rússia, no início de agosto.
Jessica acredita que a natação feminina brasileira tem evoluído e pode chegar ao mesmo nível da masculina. Mas apontou um argumento curioso para o atraso na conquista de resultados.
“As meninas no Brasil são mais sensíveis. Ligam muito para ficar forte, para o tamanho dos ombros, não gostam de fazer força. Nós cultuamos muito o corpo”, opinou.
Em sua opinião, talvez não haja tempo hábil para colher resultados já nos Jogos Olímpicos do Rio-2016.
“Hoje, analisando friamente, não vejo a medalhista olímpica, mas em um ano tudo pode mudar. E em Olimpíada é aquele momento único, talvez o melhor preparado fisicamente não esteja emocionalmente preparado para ganhar. Estando na final, tudo é possível. Espero me surpreender.”