“O Rio é o último estágio dos Jogos como eles são hoje. Tóquio é futuro. Rio é passado”.
No calendário olímpico de um pesquisador, especialista em política esportiva, preocupado com o legado que um megaevento deixa para a cidade ou país, 2016 já era.
“O gigantismo dos Jogos vai acabar no Rio. Sim, 2016 já é passado”, afirma o professor Lamartine DaCosta, mesmo autor da frase que abre este texto.
Membro do Conselho de Pesquisas do Comitê Olímpico Internacional, em Lausanne (Suíça), e professor visitante da Universidade Técnica de Lisboa, Lamartine também é um dos editores e organizadores do livro “O Futuro dos Megaeventos Esportivos”.
Lançado na semana passada no Rio, o livro está disponível em plataforma eletrônica para quem quiser ler. Não vai ser impresso neste primeiro momento.
Segundo o professor, o livro de 500 páginas já foi “entregue” ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, ao comitê organizador Rio-2016, ao COB (Comitê Olímpico do Brasil) e outras entidades relacionadas com os Jogos do ano que vem. A obra, em inglês, também será lançada no exterior nas próximas semanas.
Ao todo, são 50 autores brasileiros e estrangeiros que escrevem a respeito dos projetos olímpicos baseados na Agenda 2020 (pacote de 40 medidas propostas e aprovadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para modernizar o movimento olímpico, reduzir custos e tornar os Jogos mais viáveis a partir de 2024, mas com ações que podem ser colocadas em prática em Tóquio-2020).
“Os legados precisam fazer parte das cidades, algo que elas necessitem. E precisam ser sustentáveis. Os organizadores costumam forçar a barra quando falam de legado, têm uma certa fantasia. Mas para a população esse gigantismo não funciona”, diz Lamartine.