Praia, Pan e legado no Rio: as apostas do rúgbi para se popularizar no Brasil

Por Marcel Merguizo
Inauguração do primeiro campo de rúgbi fixo em uma praia do Brasil, na quarta-feira (24), em Copacabana, no Rio, com atletas da seleção brasileira (João Neto/Fotojump)
Inauguração do primeiro campo de rúgbi fixo em uma praia do Brasil, na quarta-feira (24), em Copacabana, no Rio, com atletas da seleção brasileira (João Neto/Fotojump)

“Isso ainda vai ser grande no Brasil…”

A marcante campanha da Topper, há cerca de cinco anos, virou piada para alguns e meta para outros. Não recorda? Sim, falavam do rúgbi nos comerciais.

O esporte volta aos Jogos Olímpicos em 2016, após 92 anos, e será disputado no Pan de Toronto, de 10 a 26 de julho (as mulheres estreiam, os homens já jogaram em Guadalajara-2011).

Mas não basta estar nas grandes competições multiesportivas do planeta para ser grande no Brasil, o tal país do futebol, para muitos.

Para lutar contra a monocultura esportiva, a Confederação Brasileira de Rúgbi (CBRu) aposta, desta vez, no Rio de Janeiro.

Duas ações vão da entidade, em parceria com a World Rugby (a federação internacional da modalidade) vão ser lançadas nesta quarta-feira 24).

Primeiramente, um campo de rúgbi vai ser inaugurado na praia de Copacabana.

Nesta terça-feira as traves em formato de “H” serão instaladas na altura do nº 1.130 da Av. Atlântica, ponto nobre das areias cariocas. As traves ficará disponível para o público até, no mínimo, até os Jogos Olímpicos, em agosto de 2016.

“Vamos tentar utilizar o espaço ao máximo. O foco é gerar exposição ao público. Será um local para disseminar o esporte, não para realizarmos competições”, explico o CEO da CBRu, o argentino Agustin Danza ao blog Olímpicos.

A instalação das traves custou cerca de R$ 10 mil e também vai ser utilizado para aulas e clínicas de rúgbi voltado para crianças. O que remete ao outro projeto que vai ser lançado nesta quarta, mas que já está em funcionamento há mais de dois meses.

Chamado de Impact Beyond, o projeto vai colocar o rúgbi em 1.000 escolas da rede pública e privada do Rio de Janeiro, no que a CBRu está considerando “em um dos maiores legados olímpicos que ficarão para a cidade”.

“Capacitamos e deixamos os professores dessas escolas com material para as aulas de rúgbi. Os kits tem um investimento alto, mas vieram da Word Rugby. O Brasil virou prioridade deles [federação internacional] desde 2012. Por isso não queremos apenas fazer eventos, mas, em parceria com eles, deixar um legado, fazer atividades ligadas às crianças, continuar com o trabalho depois de 2016”, afirmou Danza.

Lucas Duque (à dir.) começa jogada pela seleção brasileira em jogo-treino contra o México antes do Pan de Guadalajara-2011 (Daniel Marenco/Folhapress)
Lucas Duque (à dir.) começa jogada pela seleção brasileira em jogo-treino contra o México antes do Pan de Guadalajara-2011 (Daniel Marenco/Folhapress)

TORONTO E RIO

As equipes brasileiras vão ao Pan de Toronto com metas diferentes. O objetivo do time brasileiro é conseguir uma medalha. Possivelmente a de bronze, atrás de Canadá e Estados Unidos, duas das cinco melhores seleções do mundo no “Sevens” (modalidade do rúgbi jogada por sete atletas no lugar dos 15, na versão tradicional).

“As mulheres já estão jogando de igual para igual com canadenses e americanas, mas a expectativa é trazerem o bronze. Dos homens esperamos que façam muito melhor do que em 2011 [ficaram em sétimo entre oito seleções, vencendo apenas Guiana], mas medalha é difícil”, disse o CEO da confederação.

Segundo Danza, os Jogos Pan-Americanos são importantes para “os atletas já se inserirem no clima olímpico”. As duas seleções já estão garantidas na Rio-2016.

A equipe que, nos últimos anos, recebeu o reforço de atletas nascidos no Brasil ou filhos de brasileiros que moravam e competiam no exterior não deve mais ter “importações” até os Jogos de 2016. “Não temos ninguém no radar. O foco não está em buscar mais atletas no exterior, quem queríamos trazer já veio”, disse Danza.

O CEO da confederação, aliás, define-se como “primeiro ministro” do “rei” Sami Arap Sobrinho, presidente da entidade desde 2010.

Responsável pela estratégia gerencial e profissional da CBRu, Danza diz que os escândalos de corrupção investigados em outras entidades e escancaradas recentemente no futebol, prejudicam todas as modalidades.

“Sinceramente, faz mal para todos os esportes. Não ficamos nada felizes. Temos um modelo de gestão diferente, , mas não conheço outros em detalhe para dizer que estão errados. O que acredito é que nosso modelo elimina riscos, porque somos transparentes. O esporte precisa ser profissional na sua gestão. E queremos mostrar que nosso modelo profissional dá resultado”, concluiu.

Inauguração do primeiro campo de rúgbi fixo em uma praia do Brasil, na quarta-feira (24), em Copacabana, no Rio, com atletas da seleção brasileira (João Neto/Fotojump)
Inauguração do primeiro campo de rúgbi fixo em uma praia do Brasil, na quarta-feira (24), em Copacabana, no Rio, com atletas da seleção brasileira (João Neto/Fotojump)