Diário de Toronto: A verdadeira musa do Pan

Por Marcel Merguizo

Artur Zanetti a definiu como “encantadora”. E não há quem não a admire. Quando ela se apresenta, os olhos dos fãs não perdem um movimento sequer. Se nos pequenos frascos estão os grandes perfumes, Flávia Saraiva exalou carisma por toda Toronto nesta primeira semana de Pan.

Ela não é mais do que umas cinco vezes maior do que um Pachi, o porco-espinho mascote dos Jogos que os medalhistas ganham quando vão ao pódio. Ela ganhou dois Pachis, um pelo bronze por equipes e outro pelo bronze no individual geral. Foi a melhor ginasta brasileira no Pan.

Talvez por isso todos gostem tanto dela? “Não sei”, diz Flavinha, quase escondida atrás da grade que separa os jornalistas dos atletas na área de entrevistas.

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Mas por que atletas, torcedores, técnicos, voluntários, jornalistas gostam tanto dessa menina de 15 anos, 1,33 m de altura e 31 kg? “Não sei”, insiste Flavinha na resposta.

Foi o primeiro Pan dela. Ano que vem pode estar em sua primeira Olimpíada. E se elevar os resultados ao nível de graciosidade que tem hoje, tem tudo para entrar em um hall de atletas que tem astros como Guga Kuerten e Daiane dos Santos entre seus expoentes de carisma.

O carinho com o qual o técnico Alexandre Carvalho a trata depois de uma apresentação (pegando-a no colo, dando um grande abraço e cochichando em seu ouvido) é o mesmo que a imprensa ainda a trata. Falta apenas um apertão na bochecha pra completar a fofura da cena.

Mas o que Alexandre tanto fala em seu ouvi? “Segredo!”, diz Flavinha. Estava nervosa na prova? “Não!”
A culpa daquela queda foi do tablado? “Claro que não”. E por que as pessoas gostam tanto de você? “Eu sou assim. É meu jeito.”

Se não perder a espontaneidade, Flavinha ainda vai inspirar muitas crianças a entrar na ginástica. O quanto vai perder, ganhar, cair, levantar, o tempo vai dizer. O que ela já pode ser hoje é inspiradora.

Afinal, ela é a verdadeira musa do Pan.

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