Natação feminina confirma evolução com recordes e feitos no Pan

Por Paulo Roberto Conde
Etiene Medeiros exibe a medalha de ouro conquistada na prova dos 100 m costas no Pan (Crédito: Danilo Verpa)
Etiene Medeiros exibe a medalha de ouro conquistada na prova dos 100 m costas no Pan (Crédito: Danilo Verpa)

Esqueça os números. Porque, no total, foram 18 medalhas “deles” contra oito “delas”.

Estatística à parte, a natação feminina brasileira sai extremamente fortalecida do Pan de Toronto.

E mais perto da elite mundial do que quando chegou ao Canadá.

Foram sete recordes sul-americanos em provas de primeira linha, alguns com reduções dramáticas de tempo.

Casos, por exemplo, dos revezamentos 4 x 100 m (com impressionantes quatro segundos de melhora e uma batalha contra Canadá e EUA) e 4 x 200 m (este maior ainda, sete segundos de queda).

O 4 x 100 m, com a marca, seria sexto colocado nos Jogos Olímpicos de Londres-2012. Neste ano, é o terceiro melhor tempo do mundo. É muita coisa.

O 4  x 200 m detém, por ora, a segunda melhor marca do mundo.

Nas provas individuais também houve evolução. Etiene Medeiros ganhou o primeiro ouro oficial da natação feminina do país na história do Pan (nos 100 m costas) e foi prata nos 50 m livre com uma melhora de 20 centésimos –os 24s55 a classificariam para a última final olímpica.

Joanna Maranhão bateu um recorde brasileiro nos 400 m medley que durava 11 anos, desde que “bombou” nos Jogos de Atenas-2004. Manuella Lyrio baixou também em quase meio segundo o recorde dos 200 m livre.

Mais importante do que os registros de cronômetro, a grande mudança veio na conduta.

A confiança do time é outra. Há quase três anos, as meninas têm um técnico que trabalha especificamente com elas, define calendário, prioridades, cobra, motiva, consola e etc.

Fernando Vanzella é também treinador pessoal de Etiene Medeiros, e liderados por eles a natação feminina brasileira voltou a dar boas notícias. A um ano dos Jogos do Rio, não poderia haver novidade melhor.

Um exemplo para ilustrar a mudança: Larissa Oliveira, que no Pan igualou seu recorde sul-americano nos 100 m livre (54s61), simplesmente não se conformou em ficar fora do pódio nos 200 m livre.

Chorou, não conseguiu dormir de nervoso, recebeu alento das amigas, e, no dia seguinte, foi à piscina e ajudou a equipe a ser prata no 4 x 200 m –seu abalo era tanto que ela estava escalada para abrir a prova, mas pediu para fechar porque não se sentia bem.

A medalha no revezamento a satisfez, mas não muito. Larissa continuou a chorar, lembrando da prova ruim nos 200 m livre.

O Mundial de Kazan, na Rússia, começa em duas semanas. Contra as melhores do mundo, será a hora de comprovar essa evolução.

A natação feminina do Brasil nunca ganhou um ouro em Mundial em piscina longa (50 m). Etiene é uma das favoritas nos 50 m costas, prova na qual foi campeã mundial em piscina curta (25 m)  em Doha, em dezembro.

Agora é nadar para essa evolução não retroceder.