Estudo refaz cálculo e diz que Jogos de Sochi-2014 custaram R$ 185 bilhões

Por Paulo Roberto Conde

A Rússia tem feito de tudo para melhorar sua imagem internacional por meio do esporte.

Nesta década, o maior país do globo tem sido anfitrião de diversos campeonatos importantes e será de outros tantos mais.

A enumeração é grande: a Universíade de Kazan-2013, os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi-2014, o Campeonato Mundial de Judô-2014, o Campeonato Mundial de Taekwondo-2015, o Mundial de Esportes Aquáticos-2015, a Copa do Mundo da Fifa-2018…

É evento para fã de esporte nenhum botar defeito. A questão é que, no principal deles realizado até o momento, os Jogos de Sochi-2014, o tiro saiu pela culatra.

De acordo com um estudo feito por Martin Müller, professor doutor na conceituada Universidade de Birmingham, na Inglaterra, o megaevento olímpico foi um fracasso de gestão –a decisão sobre a sede dos Jogos de Inverno de 2022 sai nesta sexta-feira (31), e a disputa é entre a chinesa Pequim e a cazaque Almaty.

Müller apontou que Sochi-2014 custou mais do que era inicialmente previsto. Segundo o professor, que escreveu um relatório a respeito, o valor total de organização foi de inacreditáveis R$ 185 bilhões.

“É mais de 10% do orçamento anual federal da Rússia”, afirmou Müller.

São, simplesmente, os Jogos Olímpicos mais caros da história, pelo valor total. Como comparação, a Rio-2016 está custando, até o momento, R$ 38 bilhões.

No que foi investido para o esporte (construção de arenas, compra de equipamentos etc), a cifra foi de R$ 54 bilhões, mais que o dobro do aventado de início (R$ 23,6 bilhões). Pelo relatório de Müller, apenas Londres-2012 despendeu mais do que Sochi-2014 no que se trata de valores para infraestrutura esportiva.

“O principal legado dos Jogos de Sochi é uma infraestrutura exagerada calcada em preços inflacionados, paga quase exclusivamente pelo povo. Ao passo que isso também se aplica a muitos megaeventos por aí, particularmente em economias emergentes, a dimensão da gastança e subutilização na Rússia não tem paralelo”, acrescentou o professor.

Müller também destacou que a pretensão russa de tornar Sochi uma estação de referência, como Vail (nos EUA), “falhou miseravelmente”.

Mais alarmante é saber que a conta continuará a não fechar. O custo de manutenção de tudo o que foi construído em Sochi –praticamente foi erguida uma nova cidade– é de R$ 4 bilhões por ano.

É bom o Brasil se cuidar para não ter que lidar com um rombo desse calibre depois da Rio-2016.