Robson Caetano, 50, foi um dos homens mais rápidos do mundo entre os anos 1980 e 1990. Conquistou duas medalhas olímpicas: uma nos 200 m, em Seul-1988, e outra no revezamento 4 x 100 m, em Atlanta-1996. Até hoje, é recordista brasileiros dos 100 m.
No dia em que começa o Mundial de Atletismo em Pequim, no portentoso estádio Ninho de Pássaro, Caetano faz um desabafo interessante em relação ao atletismo nacional. O Brasil entra na competição com poucas apostas de medalha e vindo de insucessos nos últimos grandes eventos.
O ex-velocista criticou, por exemplo, que a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) e o COB (Comitê Olímpico do Brasil) tenham contratado recentemente como consultor o norte-americano Michael Johnson, multimedalhista olímpico e que tem um programa de performance, para ajudar na preparação dos atletas para a Rio-2016.
Johnson vem ao país esporadicamente. “Se ele viesse e morasse aqui, tudo bem, mas não é isso que acontece.”
“Os caras trazem o Michael Johnson, que é até meu amigo, para fazer consultoria para os atletas brasileiros. Mas ele é de um país ‘inimigo’. Você acha que ele vai deixar todos os segredos aqui?”, indagou.
Johnson também foi contratado pelo CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro) para ministrar clínicas. Para os “olímpicos”, o foco da atuação do astro norte-americano está mais voltado a equipes de revezamento e velocistas.
Na visão de Caetano, contratar um estrangeiro “é muito desprestígio com quem está aqui”. “Ele [Johnson] está fazendo a parte dele. Mas quem compra um serviço assim é que deveria repensar.”
O brasileiro apontou que há técnicos qualificados o suficiente para trabalhar com a nova geração. “Nós precisamos saber guardar algumas coisas. Se não, a gente tende a perder a identidade.”