Novo rival rumo ao Rio, dólar alto deve prejudicar revelações no judô

Por Marcel Merguizo
A japonesa Ami Kondo (de branco) vence a brasileira Nathalia Brígida no Mundial de Astana (Jack Guez/AFP)
A japonesa Ami Kondo (de branco) vence a brasileira Nathalia Brígida no Mundial de Astana (Jack Guez/AFP)

Um dos principais adversários do Brasil em muitos esportes neste momento vem dos Estados Unidos. Mas ele não entra em campo, quadra, pista ou piscina. É o dólar. Isso porque a valorização da moeda norte-americana em relação ao real nos últimos meses coloca cada vez mais medo nos brasileiros que se preparam para os Jogos do Rio-2016.

O nadador campeão olímpico e mundial Cesar Cielo escancarou sua preocupação no dia da apresentação de seu sétimo patrocinador pessoal na semana passada. Em tom de brincadeira, disse que o dinheiro da Unicred era bom para ele principalmente em um momento no qual o dólar chega perto dos R$ 4. Depois, sem brincar, disse que temia pelo corte de algumas viagens para treinos e competições bancados pela CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) em 2016.

Quem também mostra preocupação com o aumento dos gastos no exterior devido à alta do dólar é a CBJ (Confederação Brasileira de Judô). Ao blog Olímpicos, o gestor técnico de alto rendimento Ney Wilson afirmou que, mais do que a perda do patrocínio da Sadia no fim do primeiro semestre, está preocupado com alta da moeda norte-americana frente à brasileira.

“O mais preocupante para nós, agora, é a desvalorização do real. Mas o presidente [Paulo Wanderley] já nos orientou para que nada falte ao grupo 1”, disse Ney Wilson.

De acordo com o gestor, os investimentos da CBJ são divididos em três grupos: 1) a elite, com os judocas que devem disputar a Rio-2016; 2) atletas com chances de estar na Olimpíada, mas que provavelmente seriam reservas da equipe em 2016; 3) os mais jovens, com pouca chance de lutar nos Jogos do Rio mas que já são apostas para a Olimpíada de Tóquio-2020.

E serão estes últimos quem devem pagar a conta da alta do dólar. Como a prioridade é não prejudicar a preparação dos atletas que têm chance de conquistar quatro, cinco, seis pódios no Rio, o investimento em viagens para as revelações deve diminuir em 2016.

“A previsão orçamentária 2014/2015 já está fechada, com prioridade máxima para quem pode estar na Olimpíada. Então vai enxugar em cima dos atletas mais jovens”, explica Ney Wilson.

Por esse motivo a saída da Sadia não preocupa os dirigentes do judô. Uma nova empresa já estaria prestes a assumir como patrocinadora master do judô brasileiro.

A preocupação com o dólar já rondava outras confederações de esportes olímpicos há alguns meses. Durante os Jogos Pan-Americanos de Toronto, em julho, o assunto era recorrente. E, na época, a moeda norte-americana ainda era cotada entorno dos R$ 3,20. Na semana passada chegou a R$ 3,80, por exemplo.

Além de judô e dos aquáticos, o taekwondo, a vela e até o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) já falavam em possíveis cortes devido ao aumento das despesas.

Contudo, se a torcida puder ajudar de alguma forma os brasileiros antes mesmo de os Jogos de 2016 começarem, é bom torcer contra a subida desse norte-americano que já incomoda os esportistas em terras tupiniquins.

(Narong Sangnak/Efe)
(Narong Sangnak/Efe)