Um dos principais adversários do Brasil em muitos esportes neste momento vem dos Estados Unidos. Mas ele não entra em campo, quadra, pista ou piscina. É o dólar. Isso porque a valorização da moeda norte-americana em relação ao real nos últimos meses coloca cada vez mais medo nos brasileiros que se preparam para os Jogos do Rio-2016.
O nadador campeão olÃmpico e mundial Cesar Cielo escancarou sua preocupação no dia da apresentação de seu sétimo patrocinador pessoal na semana passada. Em tom de brincadeira, disse que o dinheiro da Unicred era bom para ele principalmente em um momento no qual o dólar chega perto dos R$ 4. Depois, sem brincar, disse que temia pelo corte de algumas viagens para treinos e competições bancados pela CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) em 2016.
Quem também mostra preocupação com o aumento dos gastos no exterior devido à alta do dólar é a CBJ (Confederação Brasileira de Judô). Ao blog OlÃmpicos, o gestor técnico de alto rendimento Ney Wilson afirmou que, mais do que a perda do patrocÃnio da Sadia no fim do primeiro semestre, está preocupado com alta da moeda norte-americana frente à brasileira.
“O mais preocupante para nós, agora, é a desvalorização do real. Mas o presidente [Paulo Wanderley] já nos orientou para que nada falte ao grupo 1”, disse Ney Wilson.
De acordo com o gestor, os investimentos da CBJ são divididos em três grupos: 1) a elite, com os judocas que devem disputar a Rio-2016; 2) atletas com chances de estar na OlimpÃada, mas que provavelmente seriam reservas da equipe em 2016; 3) os mais jovens, com pouca chance de lutar nos Jogos do Rio mas que já são apostas para a OlimpÃada de Tóquio-2020.
E serão estes últimos quem devem pagar a conta da alta do dólar. Como a prioridade é não prejudicar a preparação dos atletas que têm chance de conquistar quatro, cinco, seis pódios no Rio, o investimento em viagens para as revelações deve diminuir em 2016.
“A previsão orçamentária 2014/2015 já está fechada, com prioridade máxima para quem pode estar na OlimpÃada. Então vai enxugar em cima dos atletas mais jovens”, explica Ney Wilson.
Por esse motivo a saÃda da Sadia não preocupa os dirigentes do judô. Uma nova empresa já estaria prestes a assumir como patrocinadora master do judô brasileiro.
A preocupação com o dólar já rondava outras confederações de esportes olÃmpicos há alguns meses. Durante os Jogos Pan-Americanos de Toronto, em julho, o assunto era recorrente. E, na época, a moeda norte-americana ainda era cotada entorno dos R$ 3,20. Na semana passada chegou a R$ 3,80, por exemplo.
Além de judô e dos aquáticos, o taekwondo, a vela e até o Comitê ParaolÃmpico Brasileiro (CPB) já falavam em possÃveis cortes devido ao aumento das despesas.
Contudo, se a torcida puder ajudar de alguma forma os brasileiros antes mesmo de os Jogos de 2016 começarem, é bom torcer contra a subida desse norte-americano que já incomoda os esportistas em terras tupiniquins.