Campanha pede fim à proibição de mulheres em jogos de vôlei no Irã

Por Marcel Merguizo
Reprodução de vídeo da campanha #Watch4Women da Human Rights Watch
Reprodução de vídeo da campanha #Watch4Women da Human Rights Watch

Uma semana depois de a FIVB (Federação Internacional de Vôlei) confirmar uma etapa do circuito mundial de vôlei de praia de 2016 para o Irã, em fevereiro, a organização internacional Human Rights Watch iniciou campanha pedindo o fim à proibição de mulheres nos jogos de vôlei no país asiático.

“Desde 2012, o governo iraniano proíbe mulheres e meninas de frequentarem torneios de voleibol, chegando ao ponto de prender mulheres por tentarem entrar nos estádios”, disse Minky Wonder, diretora de iniciativas globais da Human Rights Watch. “Está na hora da FIVB agir para acabar com essa discriminação gritante, que viola suas próprias regras e envergonha o esporte.”

A ONG pede que o país pare de proibir as mulheres e meninas de assistirem aos jogos de vôlei e adote medidas para promover a igualdade de gêneros. Para divulgar a ação, lançaram uma campanha digital pela promoção do respeito aos direitos das mulheres no Irã.

O vôlei é bastante popular no Irã e a seleção masculina nacional já figura entre as principais do mundo na atualidade.

“Como já documentado pela Human Rights Watch, as mulheres no Irã enfrentam uma variedade de abusos, incluindo a discriminação no direito civil, como casamento, divórcio e guarda dos filhos; a detenção ilegal de defensoras dos direitos humanos que pacificamente defendem os direitos das mulheres; e até mesmo as restrições à liberdade de circulação. As autoridades recentemente proibiram Niloufar Ardalan, capitã da equipe nacional de futebol feminino, de participar do campeonato de futsal de mulheres na Malásia depois que seu marido se recusou a lhe dar permissão para viajar”, diz a ONG.

A campanha #Watch4Women busca o comprometimento da FIVB para barrar o Irã da possibilidade de receber torneios de vôlei até que o país dê fim a essa prática discriminatória contra as torcedoras do país.

“Com a campanha #Watch4Women buscamos destacar a terrível discriminação do Irã contra as mulheres e meninas”, disse Minky Wonder. “Acabar com a proibição que impede torcedoras de assistirem aos jogos de vôlei seria um passo simbólico importante para uma maior igualdade de gênero no Irã e deve ser uma prioridade da FIVB.”

Para a ONG, a FIVB tem falhado ao não penalizar o Irã ou denunciar o país publicamente por essa proibição que viola o ‘Quarto Princípio Fundamental’ do próprio regimento da FIVB, que trata da não-discriminação.

Segundo a jogadora de vôlei de praia dos EUA, Lina Taylor, que participou de duas Olimpíadas, “a FIVB foi uma das primeiras federações desportivas a insistir na igualdade de remuneração entre homens e mulheres. A FIVB pode e deve também fazer a diferença para as mulheres e meninas no Irã.”

Ainda de acordo com a ONG, as práticas discriminatórias do Irã já estavam em pleno vigor em junho passado, quando o país sediou as partidas de vôlei contra a Rússia e os Estados Unidos, em Teerã, como parte da Liga Mundial de 2015, quando autoridades bloquearam, de forma sistemática, a entrada de mulheres iranianas no estádio de 12.000 lugares para assistir a jogos masculinos.

“Esta política de permitir a entrada exclusiva de homens nos estádios para assistir aos jogos de vôlei masculino se dá desde 2012, quando o Ministério de Esportes e Juventude ampliou a existente proibição a mulheres iranianas de acompanharem o futebol masculino para o vôlei. As autoridades iranianas alegam que a participação mista em eventos esportivos é ‘anti-islâmica’, ameaça a ordem pública e expõe as mulheres a um comportamento bruto de torcedores”.

Para saber mais sobre a campanha, a Human Rights Watch mantém notícias em suas páginas no Facebook e no Twitter. Há também um site da campanha # Watch4Women (https://www.hrw.org/watch4women) e outro com relatórios da Human Rights Watch sobre o Irã (http://www.hrw.org/en/middle-eastn-africa/iran).