Seletiva de natação expõe dependência de velocidade e carência nas prova de fundo

Por Paulo Roberto Conde

*Atualizado às 19h15

Ao final da manhã desta sexta-feira (18), a natação brasileira acumulava 18 índices olímpicos conquistados na seletiva nacional que é disputada na piscina da Unisul em Palhoça, Santa Catarina (veja a relação de quem já obteve índice abaixo).

Não chega a ser uma novidade, mas a relação dos classificados momentaneamente exprime uma condição tradicional da natação brasileira: a monocultura. Salvo raríssimas exceções, o Brasil sobrevive das braçadas das provas de velocidade, notadamente 50 m e 100 m (livre e alguns estilos).

Há “extraterrestres” como Thiago Pereira e Ricardo Prado, brilhantes medalhistas olímpicos e de carreira sólida nos 400 m medley, também.

Daí para cima, pouco há o que se comemorar. O país não tem, e dificilmente terá, representantes olímpicos nas provas de 400 m livre, 800 m livre e 1.500 m livre. Torço para estar errado.

As melhores chances de obtenção de vaga estão em Leonardo de Deus nos 400 m livre e em Brandonn Almeida nos 1.500 m, prova na qual foi campeão mundial júnior –porém, ele tem os 400 m medley como predileção.

Ao menos em Palhoça, marcas classificatórias para tais provas ainda não saíram.

Etiene Medeiros comemora índice nos 100 m livre em Palhoça (Crédito: Satiro Sodré/ SSPress/CBDA)
Etiene Medeiros comemora índice nos 100 m livre em Palhoça (Crédito: Satiro Sodré/ SSPress/CBDA)

A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) já expressou por meio de seu diretor executivo, Ricardo de Moura, a preocupação com essa “seca” do meio-fundo e fundo. A entidade tem engatilhado um projeto para fortalecer as equipes nacionais nestas distâncias, mas sua aplicação esbarra na proximidade da Rio-2016. Seria infrutífero investir em algo novo nesta altura do campeonato.

Ainda assim, o projeto é interessante. Passa por criar um conselho técnico totalmente voltado a tais provas. Também quer contar com maior aproximação dos nadadores que têm privilegiado as maratonas aquáticas, como Ana Marcela Cunha, Poliana Okimoto, Allan do Carmo e Diogo Villarinho, que tiveram, obviamente, origem nas piscinas.

É um planejamento que vai ter vistas a 2020, 2024 e além. E, espera-se, reverta essa má fase por que passa o fundo brasileiro.

Sempre vale lembrar que a primeira medalha olímpica da natação brasileira saiu dos 1.500 m livre na longínqua Helsinque-1952. Além dele, Djan Madruga foi finalista olímpico duas vezes na prova.

O último nome de relevo do país foi Luiz Lima, que nadou a prova nos Jogos de Atlanta-1996 e Sydney-2000.

*NADADORES COM ÍNDICE*

100 m livre masculino – Nicolas Oliveira, Matheus Santana, Marcelo Chierighini e Allan Vitória

100 m livre feminino – Etiene Medeiros

100 m costas masculino – Guilherme Guido

100 m borboleta masculino – Henrique Martins, Marcos Macedo e Nicholas Santos

200 m livre masculino – Nicolas Oliveira e João de Luccas

200 m livre feminino – Manuella Lyrio

200 m peito – Thiago Simon

200 m medley masculino – Henrique Rodrigues e Thiago Pereira

200 m medley feminino – Joanna Maranhão

400 m medley masculino – Brandonn Almeida

400 m medley feminino – Joanna Maranhão