A importância da mídia nos Jogos Olímpicos, e vice-versa

Por Marcel Merguizo

O barão francês Pierre de Coubertin agradeceu e exaltou os jornalistas que compareceram ao congresso internacional na universidade Sorbone (Paris), em 1894, aquele originou a fundação dos Jogos Olímpicos da era moderna. Essa é uma das primeiras citações feitas pelo professor Emilio Fernández Peña, 44, em seu curso “Os Jogos Olímpicos e a Mídia”, no Coursera.

Dentre as abordagens tratadas no curso, um dado curioso que ele levanta: em Estocolmo-1912, eram cerca de 500 jornalistas no Jogos; em Londres-2012, mais de 6.200. Outro: hoje, por exemplo, 47% da receita do COI (Comitê Olímpico Internacional) vem da venda dos direitos de transmissão dos Jogos (45% dos patrocinadores, 5% da venda de ingressos e 3% de licenciamentos).

Diretor do Centro de Estudos Olímpicos e do Esporte da Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha, o espanhol doutor em comunicação audiovisual concedeu entrevista à Folha (publicada neste domingo, veja mais aqui). Entre as comparações entre Rio-2016 e Barcelona-1992 e a opinião sobre a importância dos Jogos para a capital fluminense, Fernández Peña tratou também da ligação entre a mídia e a olimpíada.

“No Rio, irá se aprofundar o papel das mídias sociais por parte do Comitê Organizador dos Jogos, do COI, das TVs e de quem as utilizar como ferramenta de participação do público. Ao mesmo tempo, se estenderão tecnologias como o ultra HD para a maior parte das transmissões. Os Jogos sempre foram um território para a experimentação de novas tecnologias e um mostruário privilegiado para a introdução no grande público”, diz.

Em suma, se pudesse ser feita uma linha do tempo a respeito do assunto, seria algo assim:

Dos Jogos de 1896 aos de 1924 – a mídia que predominava era o cinema

De 1924 a 1932 – rádio

Berlim-1936 – 1ª cobertura de TV, com três câmeras, e a produção do filme Olympia (de Leni Riefenstahl)

Londres-1948 – 1ª vez que imagens ao vivo são transmitidas, pela BBC

Roma-1960 – 1ª retransmissão internacional, para 18 países da Europa além de EUA, Canadá e Japão

Tóquio-1964 – Introdução do slow-motion e replay

Munique-1972 – Transmissão toda em cores

Los Angles-1984 – fibra ótica

Barcelona-1992 – HD (alta-definição de imagens)

Atlanta-1996 – Introdução da Internet (site do Comitê Olímpico Internacional foi criado em 1995)

Atenas-2004 – Telefones celulares, tudo online

Pequim-2008 – Youtube (21 milhões de visualizações das transmissões olímpicas)

Londres-2012 – Tecnologia 3D e mídias sociais (final dos 200 m com Usain Bolt campeão rendeu mais de 80 mil tuítes por minuto)

Rio-2016 – Ultra HD e difusão ainda maior das mídias sociais

Diretor do Centro de Estudos Olímpicos e do Esporte da Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha, o professor Emilio Fernández Peña (Arquivo pessoal)
Professor Emilio Fernández Peña, diretor do Centro de Estudos Olímpicos e do Esporte da Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha (Arquivo pessoal)