Após ameaça, lutadora falta à seletiva olímpica de taekwondo e já fala em Tóquio-2020

Por Marcel Merguizo
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A classificação antecipada de Iris Sing, 25, para os Jogos do Rio, deixando apenas a vaga de reserva aberta, fez Talisca Reis, 26, desistir de participar da seletiva olímpica do taekwondo, no último domingo (17).

Talisca foi para Santos com sua nova equipe Pro Team, de Rio Claro (SP), mas não lutou contra Natalia Diniz, de São Caetano do Sul, para definir quem será a reserva de Iris na categoria até 49 kg. Em entrevista à Folha, publicada no domingo (10) anterior, ela havia ameaçado não participar desta disputa. Mas mudou de opinião após ser convencida por sua técnica, Carmen Carolina, que também é da seleção brasileira.

“Estava com dúvidas em relação a vaga de reserva. Pois realmente estive focada em conquistar a vaga olímpica na categoria da qual sempre defendi, até 49 kg. A vaga de reserva é importante, mas, talvez, não conseguirei demonstrar todo meu potencial. Pensando assim, eu representaria melhor o Brasil na seleção brasileira como foco para os Jogos Pan-Americano de taekwondo e outras competições, e iniciaria um novo ciclo para a Olimpíada de 2020, em busca mais uma vez da titularidade da vaga. No entanto, os critérios da CBTkd me colocaram de volta na disputa, então repensei e resolvi brigar pela vaga de reserva na seletiva final”, diz Talisca.

Uma nova seletiva está marcada para 14 de fevereiro, no Rio, para definir os três representantes olímpicos do Brasil nos Jogos e a reserva da quarta categoria. Como os critérios da CBTkd (Confederação Brasileira de Taekwondo) não eliminam Talisca da disputa, ela diz, novamente, que vai participar.

Eis as vagas em jogo:

Feminino -49Kg: 1º Natalia Diniz (SP); 2º Talisca Reis (PR);
Feminino -57Kg: 1ºRafaela Araujo (SP); 2ºJulia Vasconcelos (SP); 3ºTalita Djalma (SP) ;
Masculino -58Kg: 1º João Miguel Neto (PR);  2º Leonardo Moraes (SP);  3º Venilton Teixeira (AP)
Masculino +80Kg: 1º André Bilia (SP); 2º Maicon Siqueira (SP) ; 3º Guilherme Felix (SP)

PARA ENTENDER O CASO

A única lutadora de taekwondo brasileira classificada diretamente para os Jogos do Rio, via ranking olímpico, abriu mão da vaga no mesmo mês que a conquistou.

Iris Tang Sing, 25, não desistiu da Rio-2016, pelo contrário, está confirmada nos Jogos do Rio. A vaga dela, por ter ficado entre as seis melhores do mundo (foi 5ª) na categoria ate 49 kg no fechamento do ranking, em meados de dezembro, é que foi deixada de lado pelo Brasil.

Então, a CBTkd (Confederação Brasileira de Taekwondo), em acordo com a atleta e com o COB (Comitê Olímpico do Brasil) decidiu que o melhor seria Iris ficar com a vaga que o país já tinha direito, abrindo mão da vaga internacional dela. São dois os motivos.

Primeiramente, a vaga de país sede garante que a atleta seja a quarta cabeça de chave na Olimpíada. Assim, por exemplo, pegaria a melhor do mundo apenas em uma possível semifinal. Caso mantivesse a vaga pelo ranking, Iris teria um lugar pior na chave e nos cruzamentos.

O outro motivo beneficia o país, não a atleta. Caso Iris tenha um problema físico que a tire da Rio-2016, a vaga internacional dela passaria para a sétima colocada do raning mundial e não para outra brasileira –a não ser que haja uma atleta do país entre as 20 melhores no ranking olímpico entre dezembro de 2015 e junho de 2016.

Em contato com a Folha, o COB diz que, como “a entidade não interfere no processo de classificação e indicação dos atletas, foi solicitado que a CBTkd enviasse um ofício para resguardar a atleta [Iris]”. Ainda nas palavras do COB, no ofício, “a CBTkd garante que a atleta será a escolhida para competir na categoria até 49 kg, salvo esteja lesionada. Por isso está sendo feita uma seletiva para a atleta reserva da Iris”.

talisca