Acaba o jogo da seleção feminina. Quarta vitória, nenhum set perdido. As jogadoras vão para o ritual que criaram no Rio: a volta olímpica cumprimentando os torcedores à beira da quadra. O DJ toca “Tempo de Alegria” e a voz de Ivete Sangalo vira uma espécie de trilha sonora de “Feitiço do Tempo”. Uma rotina que se repete a cada dois dias no Maracanãzinho, sempre depois da meia-noite.
Depois começa o protocolo de entrevistas. Primeiro uma jogadora fala com a torcida que ainda permanece no ginásio. A entrevistadora oficial é Betina Schmidt (ex-promessa da seleção de vôlei, ex de Bruninho, modelo e agora apresentadora de TV). Após a formalidade, vêm as TVs e as rádios. Só então as jogadoras passam por um corredor para falar com a imprensa escrita. Umas param, outras correm para o vestiário.
No fim, chega a hora do papo com Zé Roberto. Na madrugada desta sexta para sábado, porém, foi diferente.
O técnico da seleção não parou na chamada “zona mista” apenas para conceder entrevista. Zé assistiu à decisão por pênaltis entre Brasil e Austrália.
Ele caminhava tranquilamente ao lado do assessor de imprensa da seleção Vicente Condorelli, logo após Marta perder sua cobrança e a goleira Bárbara colocar o Brasil de volta à disputa com outra defesa. Quando soube o que estava ocorrendo ali, o treinador acelerou o passo e conseguiu ver as cobranças decisivas.
Assistiu à classificação épica no Mineirão diretamente de um corredor nos bastidores do Maracanãzinho. Como as imagens vinham do laptop de um dos repórteres, via Internet, Zé, jornalistas e voluntários ficaram sabendo da vitória pelos gritos vindos do vestiários. Naquele momento, as jogadoras da seleção já estavam assistindo à disputa do futebol por uma TV. E a segunda grande vibração da madrugada ecoava em gritos agudos pelos corredores. Segundos depois, por meio de um monitor colocado no chão da “zona mista”, Zé viu outras meninas em festa nos Jogos Olímpicos. Que madrugada bárbara para o Brasil.