Uma má notícia que põe fim à euforia dos Jogos Olímpicos do Rio

Por Paulo Roberto Conde
Cerimônia de encerramento (Fabrizio Bensch/Reuters)
Imagem da cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio (Fabrizio Bensch/Reuters)

Nem bem a Olimpíada passou e a realidade do país já faz apagar qualquer sinal de festa.

Na semana que se seguiu ao encerramento dos Jogos do Rio, uma notícia já põe em xeque o legado esportivo que o megaevento deixará.

Trata-se da possibilidade, quase concreta, de o Estado de São Paulo ficar fora dos Jogos Escolares da Juventude, que são organizados pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) e reúnem jovens de duas faixas etárias: de 12 a 14 anos (categoria mirim) e de 15 a 17 anos (infantil).

Os Jogos da Juventude ocorrerão em João Pessoa, na Paraíba, entre 20 e 29 de setembro para a primeira categoria e em novembro para a segunda. O evento é importante por reunir os melhores atletas-estudantes do país.

Veja só quem já o disputou: Sarah Menezes, Erika Miranda e Mayra Aguiar (judô); Raulzinho (basquete) e os nadadores Brandonn Almeida, Leonardo de Deus e Etiene Medeiros. TODOS estiveram na Olimpíada de 2016.

São Paulo é a maior potência da competição. É o Estado que mais somou medalhas nos Jogos da Juventude.

Todo o problema começou em maio, quando a Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude informou que as competições seletivas para os Jogos estavam suspensas por tempo indeterminado porque o governo não havia regulamentado a Lei Federal 13.019/2014 –que dispõe sobre parcerias entre administração pública e sociedade civil–, que entrou em vigor em fevereiro deste ano.

Mesmo depois de uma regulamentação em âmbito estadual, a secretaria não concretizou os ajustes necessários para angariar parceiros para realizar as tais seletivas. Assim, a última classificatória regional, que estava prevista para ocorrer nos últimos dias 26, 27 e 28, em Águas de Lindoia, não se realizou.

É uma questão burocrática, uma vez que o Ministério do Esporte destina aos governos estaduais recursos exclusivamente voltados para a realização de jogos escolares.

Ao Estado de São Paulo caberia custear o transporte da delegação paulista para as duas categorias dos Jogos, que seria de 243 integrantes. O custo total ficaria em torno de R$ 240 mil. A hospedagem, alimentação e traslados ficam a cargo do COB, que oferece o mesmo serviço aos outros Estados.

Procurado pelo blog, a secretaria paulista emitiu a seguinte nota: “Devido às mudanças implementadas pela regulamentação da Lei Federal 13.109, obrigando a abertura de chamamento público para celebrar convênios com instituições da sociedade civil, a Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude (SELJ), em virtude dos prazos, não conseguirá realizar uma das quatro seletivas dos Jogos Escolares do Estado de São Paulo (JEESP) na categoria mirim. A SELJ está trabalhando para que São Paulo envie seus representantes aos Jogos Escolares da Juventude deste ano. A participação dos estudantes está garantida para a próxima edição.”

A pasta tenta uma reviravolta de última hora, já que o prazo final de inscrições para a categoria mirim é no próximo dia 5.

Segundo o COB, 51 dos 465 atletas que compuseram a delegação nacional nos Jogos do Rio participaram dos Jogos da Juventude.